quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Viagem à Galiza - 10 a 18 de Fevereiro de 2012


Participantes: Mané, António Domingues e Fernando Taboada.


 Em cumprimento do convite que a Mané fez ao Fernando Taboada (“Nandinho”), decidimos partir os três para mais uma peregrinação a Santiago de Compostela e parte da Galiza; desta vez a peregrinação efetuou-se em autocaravana, seguindo o trajecto do litoral português e das rias galegas a partir de A Guarda até Malpica de Bergantiños; depois descemos para o interior em direção a Santiago de Compostela, desta cidade para Ourense e regressámos a Portugal onde entrámos por Monção, tomando o caminho de retorno em Vila Nova de Cerveira até casa.


1º Dia: 2012-02-10 (Sexta-Feira)» Abrantes – Fão

Saímos de casa, com zero graus centigrados de temperatura, pelas nove horas, em direção à Escola Prática de Cavalaria para aí recolhermos o nosso amigo; seguirmos depois pela A23 (troço não pagante), em direção à área de serviço de Constância, onde iriamos abastecer de água.
Quando nos aproximávamos da saída para Montalvo, a Mané perguntou pela mala a qual descobriu quase de imediato; mas ato contíguo verificou que não tinha o telemóvel, o que nos obrigou a regressar a casa. Recuperado o dito objeto, seguimos de novo em direção a Constância.
Quando estávamos a abastecer, o Thruma disparou devido à baixa temperatura; como nunca tinha acontecido, tivemos alguma dificuldade em resolver o problema, que afinal nem era difícil. Encontrada a solução e efetuado o abastecimento, lá seguimos viagem até à paragem seguinte, para meter a bucha do meio da manhã e tomar café, já na freguesia de Alviobeira.
Chegados a Coimbra, fui resolver um problema pessoal e seguimos para a Mealhada onde fomos almoçar à “Nova casa dos leitões”; o leitão estava excelente e o espumante tinto também, mas enquanto eu bebi apenas dois meios copos de vinho (com grande pena minha), porque tinha que conduzir, os meus companheiros beberam o resto da garrafa.
Após o almoço continuámos viagem pela estrada nacional, com os condicionalismos que tal situação implica; atravessámos o Porto sem problemas e chegámos a Vila do Conde, pelas 17 horas, onde merendámos.
Após a merenda pusemo-nos a caminho, apreciando o mar que estava calmo, bem como o magnifico por do sol, até que chegámos a Fão e aí decidimos estacionar junto à Pousada de Juventude, pois é um local excelente para pernoitar.
O jantar foi rancho, resultante das sobras de um cozido à Portuguesa, que estava muito bom, após o qual demos um passeio pela localidade e tomámos café na Pousada. A noite estava bastante fria, mas dentro da Marinete com o aquecimento ligado estava-se muito bem, convidando a uma boa noite de sono.

2º Dia: 2012-02-11 (Sábado)» Fão – Praia de Panxón (entre baiona e Vigo)

Estávamos a dormir descansadamente e eis que cerca das sete horas e quinze minutos fomos acordados inesperadamente pela sirene dos bombeiros locais; soubemos mais tarde quando ao passarmos junto ao quartel da corporação ouvimos os bombeiros a comentarem a ocorrência e soubemos então que tinha havido um fogo.
Após o pequeno-almoço, demos uma volta junto ao rio Cávado onde observámos a fauna, continuámos pela povoação, tomámos café, fizemos umas compras para o almoço no mercado semanal e votámos ao rio para fotografarmos aquela fauna magnífica.
 Partimos depois em direção a Esposende e assim que atravessámos a ponte, virámos à esquerda, seguindo pela margem direita até à foz do Cávado, onde demos um pequeno passeio; entretanto chegaram as horas da bucha da manhã e lá fomos comer; assim que comemos, partimos em direção a Viana do castelo onde passámos sem parar.
Chegados a Moledo fomos até à zona marítima para apreciar a paisagem magnífica da foz do rio Minho e do monte galego de Santa Trega. Seguimos depois para Caminha onde fizemos uma visita rápida ao centro histórico (porque o Nandinho não conhecia).
O almoço estava programado para Vila Nova de Cerveira, no restaurante “Adega real”, onde nos esperava a famosa mãozinha de cabrito, especialidade da casa, e que nós tanto apreciamos. Tivemos que esperar pacientemente, mas valeu a pena; pelo facto de ser Sábado, muitos espanhóis aproveitam para vir ao mercado semanal e para comerem quase exclusivamente, o fiel amigo dos portugueses, mas também dos espanhóis, principalmente se cozinhado por nós.
Após o almoço fomos passear ao mercado para ajudar a fazer a digestão e arejar alguns euros. Cerca das 16 horas partimos em direção à Galiza, atravessando a ponte internacional entre Vila Nova de Cerveira e Goian.
Fizemos a primeira paragem na Galiza para visitar o mosteiro de Oia, que foi construído em finais do século XII pela ordem de Cister, sobre um antigo castelo. Visitámos ainda a povoação de Oia, aproveitámos para merendar e fotografar o pôr-do-sol. Seguimos depois em direção a Baiona onde pretendíamos pernoitar; como não conseguimos encontrar um bom local, seguimos em frente sempre pela orla costeira, detendo-nos num parque junto ao mar, na praia de Panchón, onde já se encontrava outra autocaravana da mesma marca da nossa.
Após o jantar percorremos a pé grande parte da marginal, que é muito interessante, mas que apenas não apreciámos mais detalhadamente, devido ao frio que teimava em nos enregelar. Foi com alívio que regressámos à Marinete, prontos para mais uma noite de descanso.

3º Dia: 2012-02-12 (Domingo)» Paia de Panchón – Vila Nova de Arousa

O local era muito sossegado e não tivemos qualquer barulho a perturbar-nos durante a noite; contudo, por volta das sete horas e vinte minutos, acordei com a sensação de que estava muito frio dentro da Marinete; levantei-me, fui verificar a temperatura e constatei que estavam nove graus no interior e zero no exterior. Foi então que me apercebi que tinha acabado o gás; vesti um agasalho e fui ao exterior trocar de botija, tendo ficado a tiritar de frio. Disse-me o “Nandinho” que sobre a madrugada teve que vestir um casaco porque acordou com muito frio, o que não aconteceu connosco porque estávamos “bem protegidos”.
 Com a reativação do aquecimento, rapidamente a temperatura interior ficou mais agradável e o ambiente mais propício a tomar o pequeno-almoço e a tratar da higiene matinal. Após estes atos rotineiros, partimos sempre pela orla costeira em direção a vigo.
Durante o percurso subimos ao monte do ferro onde existe um monumento que foi construído para que os navegantes, ao aproximarem-se da europa, se sentissem saudados pelas gentes de Espanha. As vistas do monte sobre as ilhas Cies são excelentes.
Já na periferia de Vigo, parámos para tomar café num Bar com vista direta para o mar e para as referidas ilhas; pagámos por cada café um euro e noventa e cinco cêntimos, preço que incluiu provavelmente o custo do café mais a taxa das vistas.
Continuámos a nossa viagem e subimos ao parque da Guia, que tem uma capela no cimo e uma vista fantástica sobre a ria de vigo. À saída desta cidade, metemos combustível numa bomba da Repsol e tentámos comprar gás propano, mas só havia butano.
Retomámos o nosso percurso, agora em direção a redondela onde não parámos por já a conhecermos, das nossas passagens como peregrinos; mais adiante, já na periferia de Pontevedra, parámos noutra bomba de gasolina mas também não tinha gás propano. Já que estávamos parados, aproveitámos para fazer o almoço e almoçar.
De novo em viagem, atravessámos Pontevedra em direção a Sanxenxo, com visita à ermida de Nossa Senhora da Lanzada e ao Grove. À saída desta última localidade, estava num poste poisada uma ave de rapina que não soubemos identificar e que aproveitámos para fotografar. Já em Cambados, soou o despertador a lembrar que eram horas de merendar, o que naturalmente fizemos. 
A caminho da ilha de Arousa conseguimos finalmente comprar gás; nesta localidade, quando saímos da Marinete para fotografar o pôr-do-sol, fomos surpreendidos por um vento gélido fortíssimo que nos obrigou a recolher rapidamente; continuámos em direção a Vila Nova de Arousa onde pernoitámos num parque de estacionamento. Já estávamos devidamente instalados quando começou a chover, mantendo-se o vento forte que balançava a Marinete. Apesar da chuva e do vento, dormimos muito bem.

4º Dia: 2012-02-13 (Segunda-Feira)» Vila Nova de Arousa – Porto do Son

Pela manhã quando nos levantámos, a temperatura estava mais amena do que no dia anterior (5 graus). Após os procedimentos habituais de higiene e alimentação matinais, partimos em direção a Vilagarcia. Após fazermos compras num supermercado, seguimos por uma estrada secundária que nos levou a uma aldeia com uma fonte antiga, onde recolhemos água por nos dizerem que era muito boa; a fonte em pedra de três bicas era muito bonita mas não nos ocorreu fotografá-la.
Nesta aldeia tivemos o prazer de conhecer dois irmãos portugueses, que aqui vivem desde pequenos com os pais e mais sete irmãos, cujos pais são de Guimarães e Vila Nova de Famalicão. Com as suas orientações, seguimos caminho até Carril. Aqui recebemos dum cidadão local várias sugestões de passeio e visitas que procurámos seguir.
Do Carril continuámos em direção a Catoira, Rianxo e daqui fomos para a praia de Muñóns porque tem uma área de serviço e necessitávamos de fazer a manutenção; aproveitámos também para aqui fazer o almoço e almoçar. Nesta praia encontravam-se muitos mariscadores na apanha de ameijoa e berbigão num máximo 2 e 10kg respetivamente; estes encontram-se organizados em associação que comercializa o marisco, não podendo este ser vendido pelos mariscadores.
Após o almoço continuámos pela costa, passando por várias localidades, designadamente a ponta do Couso e o farol do Corrubedo; à saída desta localidade começou a chover e rapidamente anoiteceu, pelo que nos detivemos em Porto do Son para pernoitar. Ficámos junto ao Porto, num parque de estacionamento onde não havia qualquer viatura.
   
5º Dia: 2012-02-14 (Terça-Feira)» Porto do Son - Muxía

Pela manhã, após os procedimentos de rotina, tomámos café e seguimos em direção a Noia, onde parámos para dar uma volta pela zona histórica; visitámos algumas ruas, a Igreja Matriz e a Casa do Concelho; aqui tentei fotografar, mas fui surpreendido com facto de não ter trocado a bateria da máquina fotográfica, pelo que andei carregado ingloriamente e os meus companheiros não perderam a oportunidade de me gozarem. Fizemos algumas compras para o almoço e seguimos em direção a Muros.
Nesta localidade estacionámos no porto e percorremos as ruas de casas antigas, construídas em pedra e madeira, existindo na rua principal casas com arcadas em pedra muito bonitas, mas algumas delas já muito degradadas; nas ruelas estava a decorrer um mercado, onde comprámos carnes salgadas para fazer uma sopa de couve com feijão e excelente pão de centeio. Entretanto começou a chover, pelo que recolhemos à Marinete para fazer o almoço e almoçar.
Após o almoço, seguimos caminho em direção a Ponta do Louro, Carnota, Ponta de Caldebarcos, O Pindo e Ézaro, onde fomos visitas as cascatas locais, situadas no rio Xallas; estas cascatas são espetaculares, e aqui fizemos várias fotografias, tendo a chuva aparecido de repente, obrigando-nos a fazer mais de trezentos metros à máxima velocidade possível, para nos refugiarmos na Marinete.
Continuámos o caminho até ao cabo Finisterra, onde o vento gélido convidava a não sair da Marinete; contudo o desejo de visitar e fazer umas fotos foi superior e lá me aventurei. Descobri um rebanho de cabras que se aventuravam nos penhascos que até provocava calafrios; claro que aproveitei para fazer algumas fotografias.
Daqui seguimos em direção a Muxía para pernoitar; não saímos nem para tomar café, pois o vento era muito frio e tinha uma intensidade tal que abanava a Marinete de tal modo que tivemos de a mudar de local e de posicionamento face ao sentido do vento.

6º Dia: 2012-02-15 (Quarta-Feira)» Muxía – Santiago de Compostela

Quando nos levantámos, tivemos o dissabor de constatar que o vento continuava forte e frio. Apesar disso, após tomarmos um café decidimos dar um passeio pelas zonas mais importantes, seguindo em direção à igreja de Nossa Senhora da Barca, e ao monumento a ferida, construído para marcar o desastre do petroleiro Prestige que derramou toneladas de crude naquela costa.
Partimos depois em direção a Ponte do porto, Camariñas, Camelle, Laxe, Ponteceso e Malpica de Bergantiños; a partir daqui descemos em direção a Santiago de Compostela, passando por Carvalho, Bertamirans (onde fomos fazer a manutenção). Em Santiago estacionámos próximo dos McDonalds, junto ao posto de transformação de eletricidade da União Fenosa, no início da rua As Cancelas, que dá acesso ao Camping do mesmo nome. Daqui à Catedral é um pulo ou seja, cerca de dez minutos a pé.

7º Dia: 2012-02-16 (Quinta-Feira)» Santiago de Compostela - Casas Novas (Cea)

Pela manhã levantámo-nos e após os procedimentos matinais, partimos em direção ao centro de Santiago; na praça Cervantes tentámos a sorte ao jogar no euro-milhões, descemos a rua do Preguntoiro e fomos tomar café ao Yacobus. Depois deste pequeno prazer, aproveitámos para fazer algumas compras antes de seguirmos para a missa do peregrino; ficámos surpreendidos, pois nunca tínhamos visto tão poucas pessoas na Catedral, o mesmo acontecendo nas ruas da cidade.
Às treze horas seguimos de novo para a praça Cervantes para almoçarmos na “Casa Manolo”, local emblemático para os peregrinos, pois é ponto de passagem quase obrigatório; também aqui o número de pessoas era baixíssimo em relação ao que estamos habituados.
Após o almoço, decidimos seguir viagem em direção a Ourense, seguindo um caminho alternativo que não conhecíamos, por A Estrada e Forcarei; nos arredores desta última localidade vimos a indicação do Mosteiro de Aciveiro, edificação do século XII; seguimos então em direção a Cachafeiro, até que chegámos ao Mosteiro, mas ficámos desiludidos, porque nele está instalada uma pousada; tocámos à campainha mas ninguém nos atendeu.
Após admirarmos as instalações exteriores, fizemo-nos de novo ao caminho que nos levou à serra Candán e daí para Lalim. Depois continuámos pela N525 até Cea onde pensámos ficar, para no dia seguinte de manhã comprarmos pão quente para o pequeno-almoço; como não arranjámos nenhum local adequado para pernoitar, junto dos vários fornos, seguimos até casas Novas, um pouco mais adiante onde havia também um forno. Aqui demos várias voltas para estacionar da forma que desejávamos, até que finalmente o fizemos.

8º Dia: 2012-02-17 (Sexta-Feira)» Casas Novas (Cea)- Vila Nova de Cerveira

Acordámos de manhã com uma boa camada de geada, e levantámo-nos mais cedo para ir comprar pão quente mas para desgosto nosso estava tudo fechado; assim, tivemos de comer o pão que tínhamos, e eu comi “pão são”, com prazo de validade terminado há dois dias.
Continuámos de acordo com a programação do dia anterior e fomos estacionar junto ao Campo da Feira em Ourense, próximo das termas da Chavasqueira, depois de atravessarmos a feira com a autocaravana.
A feira ocorre todos os dias sete e dezassete de cada mês. Após estacionarmos atravessámos de novo a feira, desta vez a pé, e verificámos que havia uma grande estrutura coberta, com muitas mesas e muitas pessoas a cozer polvo, o que nos levou a decidirmos vir ali almoçar.
Fomos passear até à parte antiga de Ourense e quando chegou a hora do almoço, regressámos à feira onde comemos duas doses de polvo, com pão de Cea e vinho tinto; a organização da comida na feira funciona de forma curiosa, porque se paga o polvo às “pulpeiras” e o resto a outras pessoas.
Após o almoço seguimos em direção a Vila Nova de Cerveira onde tínhamos decidido pernoitar e comer um pernil na Adega Real. Parámos em Ribadavia para visitar a Madre Teresa, mas não tivemos esse prazer porque ela está a viver atualmente em Monforte.
Na continuação do caminho parámos nas termas de Prexigueiro que não pudemos visitar, descemos ao rio para ver borbulhar a água termal, mas que nesta altura está misturada com a água do rio devido ao elevado caudal e depois continuámos viagem. Metemos gasóleo próximo de As Neves e em Salvaterra atravessámos a fronteira em direção a Monção. Continuámos até ao destino programado e estacionámos num local muito agradável.
Quando fomos jantar ficámos surpreendidos porque a Adega Real estava fechada e assim fomos jantar ao restaurante Cantinho dos Amigos, onde comemos um costelão de novilho que estava muito bom. Após o jantar regressámos à Marinete porque o frio era muito.

9º Dia: 2012-02-18 (Sábado)» Vila Nova de Cerveira - Abrantes

Pela manhã, fomos à feira fazer compras e depois encetámos a viagem de regresso a casa. Parámos em Caminha para comer e saber o horário dos barcos que atravessam o rio até ao outro lado da fronteira, para o caso de fazermos o caminho de Santiago pela costa que está a ser desenvolvido.
Continuámos viagem com paragem para almoçar no complexo comercial do Mindelo. Aqui ainda comprámos uns tachos que se encaixam uns nos outros e são muito práticos para arrumar.
Após o almoço e as compras seguimos até Abrantes, onde chegámos cerca das dezanove horas e trinta minutos.




Esta Viagem terminou e fica o desejo de novas aventuras. Em breve esperamos de novo dar notícias.

Até à próxima, vivam serenamente e procurem ser felizes.

                                              Saudações autocaravanistas,

                                                                                        Um abraço,

                                                                                                          António Domingues